A data reforça a urgência dos pacientes que aguardam na fila de espera por um transplante.
A chance de se encontrar no Brasil uma medula óssea compatível com a de outra pessoa que não é da mesma família é de 1 em 100 mil, mas pode ser 1 em 1 milhão se tiver que procurar em outros países.
Encontrada no interior dos ossos, a medula óssea contém as células-tronco hematopoiéticas que produzem os componentes do sangue, incluindo as hemácias ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos que são parte do sistema de defesa do nosso organismo, e as plaquetas, responsáveis pela coagulação.
É importante destacar que cerca de 25% dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea encontram o doador ideal no núcleo familiar. O restante depende de parentes parcialmente compatíveis ou de doadores voluntários.
Uma nova portaria do Ministério da Saúde que entrou em vigor em junho desse ano, alterou o limite de idade no cadastro no banco nacional de 55 para apenas 35 anos. As demais condições para o cadastramento não sofreram alteração: ter entre 18 e 35 anos, boa saúde e não apresentar doenças como as infecciosas ou as hematológicas. O limite para efetivar a doação de medula óssea não aparentada também não foi alterado, ou seja, todos os doadores (mesmo os que irão se cadastrar a partir do novo critério de idade) poderão realizar a doação até 60 anos. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), atualmente, em média, 850 pacientes estão em busca de um doador não aparentado.
"Doar medula óssea deveria fazer parte da cultura dos brasileiros, mas o ato é pouco divulgado entre das pessoas", diz Marta Lemos, hematologista e Coordenadora Médica do Serviço de Hemoterapia e Terapia Celular do A.C. Camargo Câncer Center. "O número de cadastros já não era alto e com a covid-19 caiu mais ainda", alerta Lemos. O REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea), coordenado pelo INCA, órgão auxiliar do Ministério da Saúde, busca constantemente doadores. "Quanto mais doadores cadastrados, mais chances de encontrar alguém compatível", diz a médica. Em 2020, 182 voluntários realizaram o procedimento de doação e, em 2021 (até agosto), 122. são feitas durante o ano todo, sendo intensificadas em setembro. Até 31 de agosto eram 5.419.941 brasileiros cadastrados no registro, que teve mudanças.
Como é feito o transplante?
O TMO (transplante de medula óssea) pode beneficiar pacientes com cerca de 80 doenças diferentes, entre elas, leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, aplasia de medula e imunodeficiências. O procedimento consiste na substituição de uma medula óssea doente por células normais de medula óssea (células-tronco), com o objetivo de reconstituir uma medula saudável. O TMO pode ser autólogo (auto gênio) —ou seja, quando a medula vem da própria pessoa - ou halogênico, quando vem de um doador. O médico responsável determina qual o tipo de transplante será realizado, de acordo com a doença.
Quando o tratamento de escolha é o transplante halogênico, inicia-se a busca de doadores entre os familiares. Normalmente, irmãos têm maiores chances de composição genética semelhante. Para saber se o doador é compatível, são realizados testes de sangue, chamados de exames de histocompatibilidade (HLA). Caso não exista doadores entre os parentes, começa a busca por voluntários. No momento do cadastro do doador, além do HLA, são realizadas avaliações clínicas e outros exames laboratoriais para garantir a segurança dele e do paciente.
"A legislação e a avaliação para a doação são muito rígidas, com triagem específica. Se o doador tiver alguma ressalva, a coleta não é realizada", explica a hematologista do A.C. Camargo Câncer Center. O transplante pode ser por aférese, que dura cerca de 4 a 5 horas, ou coleta de células por meio de punção de medula óssea em centro cirúrgico, quando se colhe a medula de dentro do osso.
Como ser um doador?
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
Algumas outras complicações de saúde não são impeditivas para doação, mas cada caso é analisado individualmente. O primeiro passo é realizar o cadastro no hemocentro mais próximo de sua casa, onde será feita a coleta de amostra de sangue (5ml) para o exame de compatibilidade (HLA)
Os dados do doador são inseridos no cadastro do REDOME, e esses devem mantê-los sempre atualizados. Quando houver um paciente com possível compatibilidade, o voluntário é contatado. "O material pode ser enviado para o paciente da mesma cidade, país ou até fora do Brasil. O trâmite funciona muito bem e é muito rápido. Realmente salva vidas", conclui a hematologista.
FONTE:
Site Uol
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