Uma a cada três pessoas com mais de 65 anos sofre pelo menos uma queda anualmente. E para cada 20 idosos que caíram, pelo menos um sofre uma fratura ou precisa ser internado. É o que indicam os dados do Dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), do Ministério da Saúde. Quanto maior a idade, maior a vulnerabilidade a acidentes, que na maioria das vezes, acontecem no ambiente doméstico.
Durante a pandemia, com o isolamento social e a impossibilidade de praticar atividades físicas e socializar, tanto o físico quanto o psicológico dos mais velhos foram abalados. Entre as causas dos acidentes domésticos envolvendo idosos – acidentes esses que vão de quedas a queimaduras e engasgamentos –, estão fraqueza muscular, ambiente pouco adaptado para as limitações motoras dessas pessoas, diminuição dos reflexos e do equilíbrio, baixa visão, senilidade, entre outros.
Para prevenir que esses acidentes tenham consequências mais graves, os cuidadores e familiares precisam estar sempre alertas para situações delicadas. O primeiro passo para lidar com qualquer emergência é manter a calma, e também passar tranquilidade para quem estiver passando mal.
Saiba como agir em diferentes situações de emergência:
Traumas na cabeça
Nas quedas, além de fraturas, há ainda o risco de traumas na região da cabeça. Se a batida resultar em um “galo”, uma compressa com gelo pode ser o suficiente para aliviar a dor e o inchaço. Já se houver afundamento do crânio ou suspeita de lesão no pescoço, o ideal é manter a pessoa imóvel e chamar o socorro imediatamente. Jamais tente reverter o afundamento sozinho.
Se notar que a pessoa está sangrando após um trauma na cabeça, é preciso levá-la ao hospital (ou chamar socorro imediato) caso algum desses sintomas se manifeste:
Dor de cabeça intensa;
Sonolência;
Confusão mental;
Desmaio;
Desequilíbrio ao andar;
Vômito;
Visão dupla;
Pupilas de tamanhos diferentes;
Sangramento pelo nariz ou ouvido.
Caso não haja nenhum desses sintomas, realize a limpeza do local e estanque o sangramento. Em caso de escoriação leve, lave o ferimento com água e sabão e retire possíveis detritos. Se o machucado for mais profundo, mantenha a compressão e procure atendimento médico.
Engasgamento
Caso a pessoa engasgada esteja consciente, realize a manobra de Heimlich. Veja o passo a passo:
Segure a pessoa por trás, passando os braços em torno da vítima
Feche uma das mãos e a apoie logo acima do umbigo, use a outra mão para manter o punho fixo no local.
Comprima o abdômen de forma rápida e forte, de baixo para cima, em sequências de 5x seguidas. (Contar em ritmo: 1-2-3-4).
Pause brevemente e repita a ação.
Se a vítima estiver inconsciente, deite-a no chão de barriga para cima, e com os dedos, tente retirar cuidadosamente o objeto que está causando o engasgo. Sente-se em uma cadeira e coloque uma almofada ou travesseiro sobre os joelhos. Coloque a pessoa de bruços no seu colo, com o abdômen e o tórax apoiados na almofada e a cabeça para baixo. Faça 5 compressões fortes e seguidas apoiando-se na vítima, usando seus braços e o peso do seu corpo para comprimir o abdômen da pessoa contra o seu colo.
Realize as manobras e compressões e observe se a pessoa volta à consciência. Caso isso não aconteça, leve-a para o pronto-socorro ou chame a emergência imediatamente.
Queda de pressão
Procedimentos simples, como a pessoa deitar em um ambiente confortável e tomar líquidos aos poucos, podem ser suficientes. Se ela estiver de jejum, ofereça suco de frutas. Mas, se houver sintomas como fraqueza, sensação de desmaio e perda de força por mais de 15 minutos, dirija-se ao pronto-socorro.
AVC ou derrames
As duas são condições graves, que exigem atendimento o quanto antes. Por isso, em caso de suspeita, leve o paciente imediatamente a um hospital.
Infarto
Se houver suspeita de infarto, dê 2 comprimidos de ácido acetilsalicílico infantil para a pessoa, se ela não for alérgica. Em seguida, leve-a para um pronto-socorro ou hospital. Se não for possível, chame imediatamente a emergência.
Enquanto aguarda, afrouxe as roupas do socorrido, tente mantê-lo calmo e deitado em local arejado e confortável. Se estiver desacordado, realize reanimação cardíaca e respiração boca a boca.
Queimaduras
Em caso de queimadura, deixe o local lesionado debaixo de água fria por 5 minutos e jamais aplique pomadas ou qualquer outro produto. Observe também qual é o grau da lesão, pois isso influencia no socorro a ser prestado:
1º grau: Atingem apenas a camada mais superficial da pele (epiderme), sem causar bolhas, apenas dor e vermelhidão. Ofereça analgésicos comuns, se houver incômodo.
2º grau: Podem ser superficiais ou mais profundas. Causam bolhas, e nos casos mais graves há risco de destruição das terminações nervosas da pele. Se as bolhas estiverem intactas, cubra a área afetada com gaze ou pano limpo; se romperem, use vaselina. Troque os curativos diariamente.
3º grau: São profundas, acometem toda a derme, e podem chegar aos ossos. Têm lesões esbranquiçadas ou acinzentadas, secas, não causam dor e podem causar deformação. Cubra a região com um pano limpo e leve a pessoa a um pronto-socorro imediatamente.
Como criar um ambiente mais seguro para idosos?
Pequenas adaptações no ambiente e cuidados no dia a dia podem tornar a casa um lugar mais seguro e prevenir acidentes domésticos:
Evite deixar pisos úmidos ou molhados;
Dê preferência por tapetes e pisos antiderrapantes;
Evite trancar a porta do banheiro;
Se possível, instale barras de apoio no box e vaso sanitário, além de escadas em geral;
Não deixar fios pendentes de aparelhos eletrodomésticos;
Substitua fios elétricos descascados;
Mantenha os cabos de panelas voltados para dentro do fogão;
Não deixe o ferro de passar, grill e outros aparelhos elétricos ligados fora de uso;
Não deixe álcool e outros produtos químicos inflamáveis próximos de chamas;
Nunca deixar cigarros acesos pela casa, para evitar riscos de incêndio.
Banhos de sol somente antes das 10 ou depois das 16 horas.
Os primeiros socorros são procedimentos simples que podem estabilizar a pessoa, evitando outros problemas, e até mesmo salvar vidas.
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